Desfazendo costuras

          Patrick e Eva era um casal que inicialmente parecia perfeito, mesmo que, na realidade, o amor de Patrick fosse um mar de paciência e as ondas de Eva, um turbilhão de emoções. Durante quase duas décadas, ele sempre esteve ao lado dela, cuidando, respeitando e fazendo de tudo para agradá-la, enquanto ela vivia saindo com suas amigas e mergulhando em festas regadas à risadas e bebidas.

          Durante esse período ocorreram separações e muitas discussões e tudo isso causava uma dor profunda em Patrick, mas ele sempre a perdoava. Era como se uma força invisível o puxasse de volta para ela, mesmo sabendo que o amor não era recíproco. Para Eva, Patrick era um porto seguro, mas também a âncora que a prendia quando desejava navegar em outros mares.

          Mas chegou um momento em que Patrick percebeu que havia chegado ao fim de uma jornada que, por muito tempo, ele acreditou ser para sempre. Ele pediu forças a Deus, e aceitou que o amor não deveria ser sinônimo de sacrifício constante. Mesmo triste, decidiu que era hora de deixar Eva voar sozinha.

          Após três meses da separação, Patrick a procurou para conversar sobre a partilha de bens. Então ela percebeu que o perdera para sempre, e isso a deixou enfurecida, porque sempre o teve em suas mãos. Ela admitiu a culpa pelo fim.

               Agora era tarde demais. Patrick havia conhecido uma outra pessoa. Então para provocá-lo, ela pediu para vender as três máquinas de costuras de uso pessoal de Patrick; que cedeu preferindo a paz, em detrimento da razão.